A carreira da mineira Ana Paula Gaspar começou na licenciatura em História da UFMG e desembocou em um MBA em Comunicação Digital e no mestrado em Design da CESAR School. Recentemente, no livro “Aprendizagens visíveis – Experiência teórico-práticas em sala de aula”, organizado por Julia Pinheiro Andrade, assina o capítulo “Da discursividade à visualidade: como utilizar ferramentas de design para tornar a formação de professores mais visíveis” – um dos frutos de uma formação tão versátil quanto inteligente.
Ana trabalhava em um museu que tinha pegada digital quando resolveu abrir uma startup. A empreitada durou pouco, mas a aproximou do Design Thinking. “Empreendi uma startup sobre museus, na área de economia criativa, entre 2012 e 2013, quando participei de diversos programas de aceleração, tinha zero contato com disciplinas de inovação e de negócios em inovação”, conta.
“Assim que a startup encerrou o ciclo dela, eu ‘pivotei’ minha carreira. Saí da área de área de cultura e fui pra educação e a primeira organização que eu trabalhei depois de fechar a startup foi o CESAR. E trabalhei exatamente com empreendedorismo e ensino de design para jovens em situação de vulnerabilidade social na periferia de São Paulo. Em 2013, entrei em contato com esse design, já desse lugar de professora, e fui apoiar jovens a criar negócios sociais e mudar a realidade do seu entorno”, resume.
Além de funcionária e aluna do CESAR, Ana Paula também foi cliente. “Entre 2019 e 2020, assumi a coordenação de educação do Cieb (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), que é uma organização social, que trabalha com modelos, ferramentas, e apoio a políticas públicas de implementação de tecnologia digital no Brasil. Contratamos o CESAR para um projeto muito importante de escrever uma proposta de componentes curriculares de competências digitais, para formação inicial de professores. Para mim foi muito incrível de coordenar. E as pesquisadoras foram a Walquíria Castelo Branco, que foi minha orientadora de mestrado junto com H.D. Mabuse, e a Juliana Araripe”.
Ana Paula segue atuando em projetos de inovação em educação, design de serviços públicos, principalmente em educação, para escolas privadas, redes públicas de ensino e organizações nacionais e internacionais tais como, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), British Council e UNOPS (Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos).
Da dissertação, o livro
O artigo de Ana Paula no livro que citamos no início deste texto vem da dissertação de mestrado na CESAR School. A pesquisa é relacionada a jornadas de usuários no contexto escolar, entendendo a educação como um serviço. “Minha pesquisa foi desenhar a jornada de professores em uma escola”.
“O principal destaque da minha pesquisa tem a ver com o pensamento visual do design. Nos meus pressupostos teóricos e metodológicos, eu estava trabalhando com um pensador do design chamado Gui Bonsiepe que, em uma de suas obras, problematiza a questão da discursividade versus a visualidade. E diversos outros autores da educação também lidam com isso”, aprofunda Ana.
Ela lembra que há um grupo de pesquisa na Escola de Educação da Universidade de Havard chamado Project Zero que atua problematizando como tornar o pensamento visível. “O design de serviços lida com os intangíveis e se esforça para tornar visível uma jornada, uma experiência ou um serviço a fim de alinhar equipes entre outros objetivos. Nas pesquisas em educação, observamos uma intenção similar. A construção do pensamento é o propósito da aprendizagem, falando de uma abordagem sócio-construtivista, mas o pensamento e a aprendizagem também são invisíveis e intangíveis. Então quando falamos de tornar pensamentos visíveis, estamos falando de conseguir observar, comunicar e dar visibilidade para a aprendizagem para todos envolvidos no processo.
Adaptado e atualizado, o texto da pesquisa foi para o livro com outros 16 autores. “Neste capítulo adaptado, eu conto a experiência que eu vivi no mestrado e entrego, no capítulo, um framework, um template de uma jornada de usuário que ajuda professores a planejarem um projeto na aprendizagem baseada em projeto, que é uma abordagem metodológica inovadora, apesar de já ter sido proposta há muitos anos. “Temos muitas pesquisas que demonstram que a aprendizagem baseada em projetos é uma forma de aprendizagem significativa que envolve os alunos, que engaja professores e estudantes em torno da solução de problemas e ali a aprendizagem se torna mais significativa para todo mundo. O capítulo aborda como tornar a aprendizagem de professores visível no processo de formação para se trabalhar com a aprendizagem baseada em projetos”.